Foto by Jennifer Glass

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Meio Rivotril

Amassado.
No seu caso,
só isso...

Pílula Pós Purgatório

Finjo 
Fujo
Ranger dos dentes

De repente 
Você 
Volta

Importa 

Aflito
Antes
Agora 
Alívio

Insiste
Imenso
Brinde

Palpite-
Amar
O mar
E você
É todo meu bem querer

Sem máscaras
Cara a cara

Como os amores devem ser



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Leviatã

Na minha bagunça compassada
Cada passo a passo
Pulsa
Em direção ao nada

Na falta afetada
Cada fato
Esfrega
Explode em minha cara

Afaga
Fogo
Faca cega

Estraga entre vãos o afeto
Espera de peito aberto
Mão dadas

Rumo
Concreto
Ao nada

(*Monstro do caos na mitologia fenícia.)

Volátil

Enquanto você digere o jantar da semana passada, bebo um destilado e vou pensando no cardápio da semana que vem. Destilando o veneno enxergo tudo acabar imóvel. Na gaveta do móvel está a chave que você deixou, junto com a chave da felicidade. Não tenho mais idade- nem saúde- para brincar de esconde esconde. Contei até dez e deixei que se fosse. Não vou sair por aí procurando estrelas ocultas. Ninguém tem culpa! Era pra ser do jeito que foi. Sem pensar no depois. Agora estou só, com meu whisky sem gelo. Degelando a geleira que você deixou no vão das tuas respostas...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Crônica do Amor de Um Final de Semana

Todo mundo se acha especial. Ou quer ser especial. Todo mundo quer significar bem mais que troca de fluídos. No meio das inseguranças alheias, lotados de vinho, encontraram-se. Partiram logo para o abraço, porque hoje não se pode perder tempo. Tempo é dinheiro, então pediram meia mussarela, meia calabresa e duas taças do vinho da casa. (Para evitar gastar o tempo olhando o cardápio e para evitar gastar dinheiro- o combo estava na promoção por R$19,90, com mousse de chocolate para dois inclusos como sobremesa).
Devoraram a pizza rapidamente (pois o sabor era velho conhecido de ambos), engoliram o vinho. Ela nem olhou para a sobremesa. Já estava satisfeita. Empanturrada de mussarela e calabresa... 
Todo mundo quer ser especial. Ou se acha especial. Todo mundo sabe que na verdade não significa nada mais que troca de fluídos. No meio das esperanças alheias viram-se. Partiram logo cada um para um lado, porque amanhã faz calor e carne não serve mais para nada. Tempo e dinheiro, então combinaram que quando acabasse a pizza iriam para casa. (Para evitar desgastar o tempo olhando a relação e para evitar desgastar o dinheiro- oferecendo tempo e atenção para o outro).
Se despediram rapidamente (protocolo conhecido por ambos), engoliram o choro. Ele nem olhou para ela. Já estava satisfeito.
Empanturrado da sobremesa.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Rota 69 (ou Como Me Tornei Um Rockstar)

Defenestrou o amor.
Desfalece na calçada.
Embriagada agoniza,
solitária.
Mais uma vodka 
e acha a cura.
Jura nunca mais 
encarar a cara de pau
atrás de felicidade
ou um pouco de gozo.
Jura nunca mais
dar a cara a tapa.
Jura nunca mais
dar.
E a lua prateada
ri 
bem na sua cara.
Sabe que a vodka apaga
-as promessas fracas,
a memória,
a noite passada.

Procura as chaves,
não acha.

Vai dormir na sarjeta outra vez...