Foto by Jennifer Glass

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Constante

Espero te ver chegar.
O flagelo da noite é você,
longe.
Mesmo estando aqui dentro,
grande.
O que o tempo esconde,
encolhe,
não escolhe
o final.
O desejo real é forte.
E explica
toda saudade.
Quero você de presente,
embalado apenas com vento.
Nuca,
mãos,
cabelos...
Por enquanto não desisto,
insisto,
consigo.
Por enquanto aguento.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Passionalmente Inatingível

Atingiu-me no pé do ouvido.
Duvido que volte.
E se voltar,
duvido que dure.
Futuro não há,
nem mesmo um presente.
Só há sorte
e acordo mútuo.
Eu, que não sinto,
mas vou no ritmo.
Admito um princípio
de uma coisa dentro,
que quer estar perto.
Longe me divirto
e nos divido.
Somos mais de mil pares.
Sozinhos...
Só, quero ser.
Passionalmente inatingível.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Haikai

Haikai é um forma poética de origem japonesa que valoriza a concisão. O Haikai é a arte de dizer o máximo com o mínimo.

Irônico

Te vejo voltar
ao mesmo lugar.
Não quero nem ver.

Até!

A primavera se foi
E junto com ela
Morreu meu amor
Acabou-se a espera
O frio do outono
Aquece meu peito
Com você não tem jeito
Então te abandono
Te dou amizade
E não tenho saudade
Dos dias de ouro
Os sarcasmos acabaram
Os delírios morreram
De minha lembrança
Apagou-se teu cheiro

Aplausos

Avisos
aos deuses.
Que vejam!
Tua dança...
tão leve,
linda.
Ainda
em minha mente
teus passos,
teus traços...
tão leves
lindos.
Meus gritos
contidos.
Suor escorrendo...

libido!
Te vendo
me vejo
nua,
tua.
Alguma chance?
Nesse instante
só quero te ver.
Dançar...

terça-feira, 24 de julho de 2007

Duas Caras

Me
despeço
de mim.
Desfaço
o laço
comigo.
Procuro
abrigo.
Carrego
amarrada
(e consigo)
eu mesma,
invisível!
Saio
fora.
E não
demora
volto.

Sobre as grandes coisas


Dizem que sou arrogante,
acho que sou mesmo.
Mas o que fazer?
Desaprender tudo que sei...
quero aprender o necessário.
Ou o que seja que desfaça a arrogância.
Talvez um pouco mais de perspicácia.
Descer do salto é difícil...
Sou horrível com os amigos.
E com os menos favorecidos
culturalmente falando.
Admito que preciso melhorar
e parar de olhar para mim.
Até quando serei assim?
Até quando serei?
Até quando?
Até!

quarta-feira, 14 de março de 2007

Metade


Ter que esquecer você...
Prá que?
Se você está dentro de mim
e teu cheiro me tira do sério.
O passado persegue meus sonhos,
mas quando acordo sobram sombras.
Como esquecer você?
Se arrancá-la de meu peito
não desfaz o nó,
só aperta a garganta.
Mas não adianta...
é preciso deixar morrer o desejo.
E nunca mais ser inteiro.
É meu destino carregar essa mágoa,
e a água dos teus olhos.
Que molharam eternamente
as palavras do poeta.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Jorge de Capadócia

Jorge sentou praça na cavalaria.
Eu estou feliz porque eu também
sou da sua companhia.
Eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge.
Para que meus inimigos tenham maõs
e não me toquem.
Para que meus inimigos tenham pés
e não me alcacem.
Para que meus inimigos tenham olhos
e não me vejam.
E nem mesmo o pensamento eles possam ter
para me fazeram mal.
Armas de fogo,
meu corpo não alcançarão.
Facas e espadas se quebrem
sem o meu corpo tocar.
Cordas e corentes se arrebentem
sem o meu corpo amarrar.
Pois eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge.
Jorge é de Capadócia.

(Jorge Ben)

Invisível

Eu queria ser a cura
para a loucura que te invade.
Mas sou tão covarde e medroso,
que de teu lindo sorriso
fujo como um rato.
Faz tempo que não te vejo
(quis dizer pessoalmente).
Todas as noites apareces.
Nua, e com a pele tão branca
e macia e delicada e cheirosa...
Me entorpece à tal ponto
que bato a cabeça,
me perco em pensamentos teus.
Quero esquecer-te, mas como?
Recriá-la é a solução.
Inventar que não tem coração,
que assim que apagar esse fogo
consumindo meu ser todo,
a paixão vai logo passar.
Temo por não descobrir,
e me recolho à minha rotina.
Pode ser que eu volte mais tarde...


(ouvindo "Cry me a River", Nina Simone)