Desperta sentidos disfarçados de nada.
Na calada da noite ouve-se o silêncio e seus ecos.
De perto ninguém é normal.
Mais anormal que isso!
Não há o que explique
esmagar sentimento
goela adentro.
Lutar com os fantasmas
do apartamento de cima
é balela...
comparada àquela
luta que me espera.
Contra a carne ardendo
(cerne da celeuma).
O único som que escuto,
é do fogo que queima,
que ferve meu sangue.
Me deixa acordada
pensando em você...
Foto by Jennifer Glass
terça-feira, 29 de abril de 2014
segunda-feira, 28 de abril de 2014
Mantra
Ser.
Água,
carbono,
luz e sombras.
Reflexo
do sol.
Astro Rei
de nossa galáxia.
Silêncio!
Estou exercitando as asas...
carbono,
luz e sombras.
Reflexo
do sol.
Astro Rei
de nossa galáxia.
Silêncio!
Estou exercitando as asas...
Doido
Ando
solto.
Na alma,
gosto
de resto de sol.
Tempero com mel,
sal,
semente de linhaça.
Antes
que desfaça,
sonho
um pouco.
Abraço
o tanto tempo
que passo
pensando
em você.
Tento
esquecer.
Na pia a louça suja requer uma solução mais urgente.
solto.
Na alma,
gosto
de resto de sol.
Tempero com mel,
sal,
semente de linhaça.
Antes
que desfaça,
sonho
um pouco.
Abraço
o tanto tempo
que passo
pensando
em você.
Tento
esquecer.
Na pia a louça suja requer uma solução mais urgente.
terça-feira, 22 de abril de 2014
Meia noite no Pari
Volto de um ensaio de Hedda Gabler, e um senhora senta ao meu lado no metrô. Depois de me observar lendo o texto e as notas da direção, ela começa a dizer "é uma libertação esse fim de Eilert Lovborg" eu fico atônita. É uma das falas finais de Hedda, na cena antes dela cometer suicídio, e eu estou estudando o começo da peça, a cena de Hedda com Sra. Elvsted.
Olho bem para ela e a reconheço: Nydia Licia Pincherle. Por um instante me hipnotizo por aqueles olhos azuis.
Ela me pergunta: O que vai fazer agora?
Não sei o que responder, estou cansada e o ensaio foi só esculacho do diretor. Ele não gosta de mim. Respondo: Queria ir para casa chorar.
Ela segura minha mão e fala: Vem comigo, você vai se sentir muito melhor.
Descemos na estação Armênia e começamos a andar em direção ao Pari. Entro no que parece ser um galpão, e lá dentro vejo um palco montado. Um homem più bello passa por mim. É o Walmor Chagas, com seus 35 anos. Nydia me pede para sentar e esperar um pouco que ela já volta. De repente o galpão começa a ficar cheio de gente, todos me olham meio esquisito porque estou de jeans, regata e all star. As pessoas estão extremamente arrumadas e bem vestidas. Toca o primeiro sinal, ainda não estou entendendo nada. Olho para um homem sentado ao meu lado e ele tem um programa de Hedda Gabler nas mãos. A foto da capa é da Nydia moça. Olho bem para o homem. É o Celi! Meu coração vai na boca. Uma mistura de medo e excitação corre em meu corpo. Toca o segundo sinal. Penso se estou morta, eu bem que desejei me atirar nos trilhos do metrô depois daquele ensaio catastrófico. Concluo que devo, então, ter me atirado. Mas não sinto dor. Não estou toda ralada. Só um pouco descabelada. E com a maquiagem borrada por não ter conseguido conter as lágrimas. Toca o terceiro sinal, todos na platéia continuam esperando, a cortina não se abre. Toca o quarto sinal, toca o quinto sinal... O sinal não tem um som de campainha, ou sino, é um sinal diferente de todos que já ouvi no teatro. Toca o sexto sinal, toca o sétimo sinal. Tem um som de bip. Oitavo, nono, décimo, nada acontece. Décimo primeiro, décimo segundo. Acordo!
Decido nunca mais comer rabada com batatas antes de dormir.
Olho bem para ela e a reconheço: Nydia Licia Pincherle. Por um instante me hipnotizo por aqueles olhos azuis.
Ela me pergunta: O que vai fazer agora?
Não sei o que responder, estou cansada e o ensaio foi só esculacho do diretor. Ele não gosta de mim. Respondo: Queria ir para casa chorar.
Ela segura minha mão e fala: Vem comigo, você vai se sentir muito melhor.
Descemos na estação Armênia e começamos a andar em direção ao Pari. Entro no que parece ser um galpão, e lá dentro vejo um palco montado. Um homem più bello passa por mim. É o Walmor Chagas, com seus 35 anos. Nydia me pede para sentar e esperar um pouco que ela já volta. De repente o galpão começa a ficar cheio de gente, todos me olham meio esquisito porque estou de jeans, regata e all star. As pessoas estão extremamente arrumadas e bem vestidas. Toca o primeiro sinal, ainda não estou entendendo nada. Olho para um homem sentado ao meu lado e ele tem um programa de Hedda Gabler nas mãos. A foto da capa é da Nydia moça. Olho bem para o homem. É o Celi! Meu coração vai na boca. Uma mistura de medo e excitação corre em meu corpo. Toca o segundo sinal. Penso se estou morta, eu bem que desejei me atirar nos trilhos do metrô depois daquele ensaio catastrófico. Concluo que devo, então, ter me atirado. Mas não sinto dor. Não estou toda ralada. Só um pouco descabelada. E com a maquiagem borrada por não ter conseguido conter as lágrimas. Toca o terceiro sinal, todos na platéia continuam esperando, a cortina não se abre. Toca o quarto sinal, toca o quinto sinal... O sinal não tem um som de campainha, ou sino, é um sinal diferente de todos que já ouvi no teatro. Toca o sexto sinal, toca o sétimo sinal. Tem um som de bip. Oitavo, nono, décimo, nada acontece. Décimo primeiro, décimo segundo. Acordo!
Decido nunca mais comer rabada com batatas antes de dormir.
domingo, 20 de abril de 2014
Le Coeur
Escrevi pra você
Apaguei a poesia
O que sinto é intenso
E palavras se tornariam feias
Comparadas aos dias sem freio
Ou receio ou anseio
Sentidos plenos
Sem fantasia
Não saberia escrever o final...
Apaguei a poesia
O que sinto é intenso
E palavras se tornariam feias
Comparadas aos dias sem freio
Ou receio ou anseio
Sentidos plenos
Sem fantasia
Não saberia escrever o final...
sexta-feira, 11 de abril de 2014
o comedor de sonhos
Para Glauber Amaral
sonhou
que o sonho era frango
fraco do estômago
comeu com farofa
agora se afoba
com que sonho sonhar?
o que comer quando o sonho acabar?
que o sonho era frango
fraco do estômago
comeu com farofa
agora se afoba
com que sonho sonhar?
o que comer quando o sonho acabar?
(rimar verbo com verbo é feio, mas como é sonho pode comer o verbo!)
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Eu queria ser um homem!
Se eu nascesse menino, minha mãe me chamaria Guilherme. Ela diz que quando estava grávida rezava 'por favor não deixa nascer menino'. Minha mãe queria muito uma menina.
Tenho um pensamento que não me sai da cabeça: será que meu cromossomo Y se transformou em X durante o processo de gravidez? Ás vezes me pego tendo atitudes comportamentais consideradas 'masculinas', como por exemplo fazer a hidráulica da casa, ou carregar um armário, ou falar muitos palavrões (esse impulso tem melhorado depois que larguei o áudio, mas, convenhamos, só tem 'mano' no ramo! Palavrão é quase palavra no backstage técnico...).
O mundo tem mais portas abertas para os homens. Nós, mulheres, podemos até bater, bater, incansavelmente, mas salvo raras exceções, as portas não se abrem. Aí pulamos o muro ou entramos pela janela, e o guardinha te pega lá dentro e te expulsa. O mais triste é que geralmente esse guardinha é mulher. Uma mulher que teve sorte de não ser expulsa quando pulou a janela e agora está lá, ajudando a colocar fermento nesse modus operandi.
Talvez eu esteja na TPM, ou talvez tenha constatado que o leão pode até gostar de você, leoa, mas as hienas que o rodeiam lhe comerão viva se tentar se aproximar. Entretanto, se você for leão - ou hiena, a história já é outra...
Em qualquer uma das hipóteses citadas, volto a afirmar, eu queria ser um homem!
Se eu nascesse menino, minha mãe me chamaria Guilherme. Ela diz que quando estava grávida rezava 'por favor não deixa nascer menino'. Minha mãe queria muito uma menina.
Tenho um pensamento que não me sai da cabeça: será que meu cromossomo Y se transformou em X durante o processo de gravidez? Ás vezes me pego tendo atitudes comportamentais consideradas 'masculinas', como por exemplo fazer a hidráulica da casa, ou carregar um armário, ou falar muitos palavrões (esse impulso tem melhorado depois que larguei o áudio, mas, convenhamos, só tem 'mano' no ramo! Palavrão é quase palavra no backstage técnico...).
O mundo tem mais portas abertas para os homens. Nós, mulheres, podemos até bater, bater, incansavelmente, mas salvo raras exceções, as portas não se abrem. Aí pulamos o muro ou entramos pela janela, e o guardinha te pega lá dentro e te expulsa. O mais triste é que geralmente esse guardinha é mulher. Uma mulher que teve sorte de não ser expulsa quando pulou a janela e agora está lá, ajudando a colocar fermento nesse modus operandi.
Talvez eu esteja na TPM, ou talvez tenha constatado que o leão pode até gostar de você, leoa, mas as hienas que o rodeiam lhe comerão viva se tentar se aproximar. Entretanto, se você for leão - ou hiena, a história já é outra...
Em qualquer uma das hipóteses citadas, volto a afirmar, eu queria ser um homem!
*não trabalho com um gênio por ter nascido rotulada mulher heterossexual
(achei melhor o título desse vir no final)
terça-feira, 1 de abril de 2014
Passeio Reflexivo
Noite afora.
Fora do mundo, dentro de mim, que sou o universo todo.
No fundo existem lugares ainda por ir.
Não cheguei aqui sem dor.
Mas tive que aprender (com um cano enfiado nas costelas) a sorrir enquanto está doendo.
Dá um medo olhar pra si mesmo.
Reconhecer os defeitos
e os desejos.
Dá vontade de ficar aqui dentro.
Sorrir faz andar para frente.
Prefiro jogar o jogo do contente:
onde cristais quebrados filtram a luz do sol em cores.
Fora do mundo, dentro de mim, que sou o universo todo.
No fundo existem lugares ainda por ir.
Não cheguei aqui sem dor.
Mas tive que aprender (com um cano enfiado nas costelas) a sorrir enquanto está doendo.
Dá um medo olhar pra si mesmo.
Reconhecer os defeitos
e os desejos.
Dá vontade de ficar aqui dentro.
Sorrir faz andar para frente.
Prefiro jogar o jogo do contente:
onde cristais quebrados filtram a luz do sol em cores.
Incomensurável
(A)Porque você não aproveita o papel de idiota que está fazendo, e assina o recibo também?
(C)Cê acha mesmo?
(A)Sincerão?
(C)Sincerão!
(A- respira fundo e fala, na cara)Acho que você é uma cagona de coração mole. Acorda peste! O mundo está inteiro aí para você descobrir tantas profundezas. E você preocupada com superfícies...
Depois de um breve silêncio mágico, lá embaixo (na Nove de Julho) um motorista enfia o carro no poste. Entre nós apenas olhares e mãos apertadas uma contra a outra. O carro bateu com muita força, parecida com a que tivemos para construir um relacionamento como o nosso. Muitos foram contra, não entenderam. Mas cá estamos, ambos mais fortes, maduros e plenos. Concordamos que crescemos. Que esse amor é joia rara. Que não tem nada no mundo que valha a amizade e lealdade que há entre nós. E que conseguimos desfazer os nós. Criamos laços. Passos que andam sempre lado a lado. E, mesmo se em outro compasso, dançamos a música que a vida toca, ao vivo e sem playback.
(C)Cê acha mesmo?
(A)Sincerão?
(C)Sincerão!
(A- respira fundo e fala, na cara)Acho que você é uma cagona de coração mole. Acorda peste! O mundo está inteiro aí para você descobrir tantas profundezas. E você preocupada com superfícies...
Depois de um breve silêncio mágico, lá embaixo (na Nove de Julho) um motorista enfia o carro no poste. Entre nós apenas olhares e mãos apertadas uma contra a outra. O carro bateu com muita força, parecida com a que tivemos para construir um relacionamento como o nosso. Muitos foram contra, não entenderam. Mas cá estamos, ambos mais fortes, maduros e plenos. Concordamos que crescemos. Que esse amor é joia rara. Que não tem nada no mundo que valha a amizade e lealdade que há entre nós. E que conseguimos desfazer os nós. Criamos laços. Passos que andam sempre lado a lado. E, mesmo se em outro compasso, dançamos a música que a vida toca, ao vivo e sem playback.
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