Foto by Jennifer Glass

sexta-feira, 15 de maio de 2015

CICLO VICIOSO

Quando o que sobra são casacos costurados aos corpos, nenhum corpo se completa, e mesmo que se tente a fundo sempre há empecilho. Se o tempo passa fica difícil, e nada mais tem graça, nem mesmo o verde da parede de fundo onde seu mundo entra no meu. Morfeu não vem, e eu já tomei mais de cem pílulas em gotas. Esperar - meu coração vai na boca. O medo de estar sozinha no silêncio do quarto frio deixa alerta. De perto ninguém é anormal. Enquanto um chora, outro ri, tá tudo equilibrado. No final, carregar cadáveres pesados no carrinho. Carinho tem de sobra, paciência nem tanta. É outra a questão que me deixa afoita, que faz bater uma onda. Quando emociona desmonta a força e segue cambaleando noite afora. Agora resta ser normal, mais ou menos igual aos tantos que olho passar pela janela. Aquela sensação adstringente na garganta, os caminhos não tem mais volta. Importa o que você pensa, importa o que me peça. Só estou tentando impedir o amor de sangrar mais um pouco, enquanto continuas louco descarregando encomendas nos portos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário