Foto by Jennifer Glass

terça-feira, 15 de novembro de 2016

PRÓLOGO

Enquanto chove em São Paulo, aqui na Lapa trancada sozinha no meu apartamento, já lavei a louça e confesso que tenho preguiça de varrer o chão e passar o pano. Um surto sincero do que sinto, impulso, pulso que segue admitindo quem sou, perdendo cada vez mais o medo de minha própria intensidade...

Enquanto chove na cidade cinza, penso que de algum jeito eu talvez consiga dormir essa noite. Talvez eu nem me importe em dormir sozinha, desde que aqui não entre nenhuma barata. No frio elas estão mais escassas, então me acalmo um pouco e nem peço socorro a nenhum amigo. O maior perigo que corro é me perder em pensamentos que são seus e consomem minha rima não me deixando falar de outra coisa...


Enquanto chove lá fora percebo aqui dentro fluir o desejo num mar sem fim que em seu riso deságua. Você não se esforça para ser diferente do difícil e me deixa num beco sem saída, poço sem fundo. Lá fora um mundo de oportunidades batem à porta e nenhuma delas tem importância. Sua implicância comigo ainda vai me matar de medo. Tenso castigo que impõe sobre a luxúria esdrúxula da qual não consigo me livrar.

Tortura, os pingos da chuva caindo sem molhar, poder sentir seu cheiro enquanto olho sua foto sorrindo longe de mim. Ouvir canções do Reginaldo Rossi, para que eu possa esquecer de tudo que fizer mal ao amor por você e suas mil maneiras de tentar me afastar por medo desse desejo sem explicação que teima em ser faísca .

Se arrisca e me ensina o seu caminho. Ando sozinha ultimamente. Cercada por gente de todos os tipos, só com você fico contente. Me aceite como sou e te dou meu sorriso. Paixonite aguda, volúpia, pele, pelos, beijos molhados, suor perfumado, sua por inteiro. Apelos. Se arrisca que eu me arrisco. Acaba com essa agonia que condena a poesia a ser tua eternamente...



Nenhum comentário:

Postar um comentário