Foto by Jennifer Glass
quarta-feira, 14 de março de 2012
Megalodrama
Sair do buraco parece difícil. Independe do tamanho do buraco, sempre quando está dentro dele aparenta ser um tanto maior. E, lá no fundo do buraco, surge a ridícula idéia de que não se sairá dele. Fator esse que agrava outro: o buraco é um local solitário. Falta tudo lá dentro, as vezes até falta o ar. Luz, nem pensar... Por isso sempre carrego comigo uma lanterna. Para quando a escuridão solitária do fundo do buraco me assombrar eu possa iluminar meu caminho para fora dele. Quanto mais fundo é o buraco mais difícil fica ver o caminho. Mas nada que um esforço não resolva. Existem pessoas que gostam de ficar estagnadas. Fervorosas na arte da autopiedade, até conseguem enxergar beleza na escuridão. Exaltam seu sofrimento como se fossem mártires por sofrerem. Só conseguem enxergar o próprio insalubre umbigo. Não se abale por isso. Carregue com você a sua lanterna. Empreste-a, mas não se esqueça de pegá-la de volta na despedida.
terça-feira, 13 de março de 2012
Nascimento e Morte ou Sobre os Copos Descartáveis
'Não se preocupe. Sempre estaremos nos tropeçando (nós todos os tolos).'
Palavras de minha tia avó Mildredes, tão certeiras. O coração tem quatro salas e nelas podemos abrigar todo o mundo. Muito, muito. Tudo! O meu esforço árduo, ouvir, guardar- aprendizado de três décadas, é ainda desafio. Porque mesmo quando não falo, vou lá e escrevo.
A escrita... Dom que tenho e que me alegra demasiadamente possuí-lo. E que me coloca em situações embaraçosas. Sim, porque não existo sozinha, então tenho que escrever sobre o que sinto em relação aos outros. Mas preciso divulgar as palavras que se esvaem na ponta da caneta. É o meu trabalho. E, se você faz parte da minha história, muito bom! Porque só escrevo histórias que julgo importantes. Que me transformam e espero tocar o coração das pessoas. Torcendo sempre para que elas resultem na reflexão. Minha ou alheia. Não importa. Escrever foi a maneira que encontrei de libertar a angústia, e continuo gritando quando surge o grito. É o grito que só se ouve no mais profundo silêncio, quando o som da caneta preenchendo o papel com palavras é o único audível. O som da dor virando poesia, a beleza da poética. Então, se acaso algum dia eu escrever sobre você, alegre-se! Mesmo a mais feia atitude se transforma em bela quando expressada com amor. Amor! Mais amor!!! Muito amor! Desenganado amor! Não morre, imploro, por favor!! Não se transforme em nada. Não vire um copo descartável no qual toma-se um café e joga-se no lixo. Pelo menos recicle. Porque quando esse lixo degrada-se em uma das quatro salas, ele vira câncer. O melhor a fazer é separar para a reciclagem, e transformar o que já foi lixo em uma nova possibilidade de beleza. Uma nova forma do amor.
Palavras de minha tia avó Mildredes, tão certeiras. O coração tem quatro salas e nelas podemos abrigar todo o mundo. Muito, muito. Tudo! O meu esforço árduo, ouvir, guardar- aprendizado de três décadas, é ainda desafio. Porque mesmo quando não falo, vou lá e escrevo.
A escrita... Dom que tenho e que me alegra demasiadamente possuí-lo. E que me coloca em situações embaraçosas. Sim, porque não existo sozinha, então tenho que escrever sobre o que sinto em relação aos outros. Mas preciso divulgar as palavras que se esvaem na ponta da caneta. É o meu trabalho. E, se você faz parte da minha história, muito bom! Porque só escrevo histórias que julgo importantes. Que me transformam e espero tocar o coração das pessoas. Torcendo sempre para que elas resultem na reflexão. Minha ou alheia. Não importa. Escrever foi a maneira que encontrei de libertar a angústia, e continuo gritando quando surge o grito. É o grito que só se ouve no mais profundo silêncio, quando o som da caneta preenchendo o papel com palavras é o único audível. O som da dor virando poesia, a beleza da poética. Então, se acaso algum dia eu escrever sobre você, alegre-se! Mesmo a mais feia atitude se transforma em bela quando expressada com amor. Amor! Mais amor!!! Muito amor! Desenganado amor! Não morre, imploro, por favor!! Não se transforme em nada. Não vire um copo descartável no qual toma-se um café e joga-se no lixo. Pelo menos recicle. Porque quando esse lixo degrada-se em uma das quatro salas, ele vira câncer. O melhor a fazer é separar para a reciclagem, e transformar o que já foi lixo em uma nova possibilidade de beleza. Uma nova forma do amor.
terça-feira, 6 de março de 2012
Quando o que está submerso vem à tona
Ter palavras atravessadas na garganta é algo embaraçoso. Nunca se sabe como agir. Quando é preciso falar algo, mas se cala, as palavras vão envelhecendo e perdendo a validade. Apodrecem na traqueia e sentimos asco delas. Por qual motivo não se desprendem, atravessando a laringe, epiglote, passeando entre palato, língua e dentes, tocando os lábios e pairando no ar? Por que não saem? Eis uma explicação: essas palavras são daquelas pesadas. Não pairam no ar. Despencam ou são arremessadas. E, assim sendo, os escrupulosos preferem guardá-las apodrecendo em seu gogó.
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