Foto by Jennifer Glass

terça-feira, 6 de março de 2012

Quando o que está submerso vem à tona

Ter palavras atravessadas na garganta é algo embaraçoso. Nunca se sabe como agir. Quando é preciso falar algo, mas se cala, as palavras vão envelhecendo e perdendo a validade. Apodrecem na traqueia e sentimos asco delas. Por qual motivo não se desprendem, atravessando a laringe, epiglote, passeando entre palato, língua e dentes, tocando os lábios e pairando no ar? Por que não saem? Eis uma explicação: essas palavras são daquelas pesadas. Não pairam no ar. Despencam ou são arremessadas. E, assim sendo, os escrupulosos preferem guardá-las apodrecendo em seu gogó.

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